sexta-feira, 27 de março de 2015

Avifauna (família Psittacidae, Rheidae, Anhimidae)

Apresentaremos uma lista sobre algumas das espécies mais interessantes de aves que encontramos neste campo, como são muitas espécies, não abordaremos o comportamento e a descrição tanto morfológica quanto ecológica de maneira tão complexa quanto fizemos com os outros grupos.
Começaremos pela família mais colorida e uma das mais diversas e chamativas do pantanal:

Psittacidae:



nome científico: Ara ararauna
nome popular: Arara Canindé
nome em inglês: Blue- and-Yellow Macaw
tamanho médio: 85 cm
Uma das araras mais conhecidas, difere-se das demais pelo tamanho e pela coloração amarela na proção ventral e na parte inferior da cauda. Vista próxima a Buritizais, matas ciliares e áreas úmidas de outra fisionomia. Podem ser vistas aos casais, por se tratar de uma ave até então considerada monogâmica, ou em grandes bandos.






fonte da foto:http://www.biopix.com/blue-and-yellow-macaw-ara-ararauna_photo-70900.aspx




nome científico: Ara chloropterus
nome popular: Arara-vermelha-grande
nome em inglês: Red-and-Green Macaw
tamanho médio: 95 cm
A tonalidade do vermelho vivo e as asas com cores esverdeadas e azuladas identificam a espécie, observada sempre próximo à florestas ou matas ciliares e até mesmo cerradões. São observadas ou aos casais ou em bandos, podendo inclusive se aproximar de habitações humanas.



fonte da foto : http://www.playbuzz.com/samlocklin10/can-you-name-all-the-bird-species


nome científico: Anodorhynchus hyacinthinus
nome popular: Arara-azul-grande
nome em inglês: Hyacinth Macaw
tamanho médio: 100 cm (1 metro)
Maior arara do mundo, é inconfundível pela cor azul-cobalto, encontrada em quase todos os ambientes abertos que possuam nos arredores uma palmeira (família Arecaceae) da espécie Scheelea phalerata, popularmente conhecida como Acuri. Essa espécie de ave se alimenta bastante dos coquinhos desta planta e eventualmente há nidificação nessas árvores.

fonte da foto:http://fondeurenfersson.deviantart.com/art/Anodorhynchus-hyacinthinus-455872103


nome científico: Orthopsittaca manilata
nome popular: Marcanã-do-buriti
nome em inglês: Red-Bellied Macaw
tamanho médio: 50 cm
Esta espécie é vista rodeando os buritizais, que é uma Arecaceae da espécie Mauritia flexuosa, também podem ser vistos e identificados em grupos ou casais em outras matas ciliares ou palmais. A sua identificação se dá pela coloração amarela da face nua e pela mancha vermelha na região do ventre.



fonte da foto:https://www.flickr.com /photos/marcelocamachobv/4965314518/


nome científico: Primolius auricollis
nome popular: Maracanã-de-colar
nome em inglês: Yellow-Collared Macaw
A principal característica que auxilia na identificação e principalmente na diferenciação entre o Maracanã-de-colar e o Maracanã-do-buriti é a presença da face branca nua e de uma faixa amarela bem forte atrás do pescoço, que fornece o epíteto específico da espécie "auricollis" (auri =  amarelo, collis = pescoço). Podem ser vistos em bandos ou casais.


fonte da foto:https://www.flickr.com/photos /jquental/6007117180/


nome científico: Aratinga leucophtalma
nome popular: Periquitão-maracanã
nome em inglês: White-Eyed Parakeet
tamanho médio: 35 cm
Completamente verde com algumas salpicadas avermelhadas na cabeça, no pescoço e no encontro das asas. Durante o voo, pode-se avistar as manchas vermelhas e amarelas na parte ventral da asa. Bastante adaptável e inclusive comum em algumas áreas de habitação humana com alguma área verde nas proximidades.

fonte da foto:https://www.flickr.com/photos/                                                                                jquental /6007117180/

nome científico: Aratinga nenday
nome popular: Periquito-de-cabeça-preta
nome em inglês: Nanday parakeet
tamanho médio: 35 cm
Inconfundível pela cabeça e asas negras, os bandos dessa espécie podem ser vistos em diversos habitats próximos à mata, alimentam-se de sementes ressecadas de plantas aquáticas. Também conhecido como Príncipe-negro.



fonte da foto:http://www.ecoregistros.org/site/imagen.php?id=30622



nome científico: Aratinga aurea
nome popular: Periquito-rei
nome em inglês: Peach-fronted parakeet
tamanho médio: 25 cm
Um dos periquitos mais conhecidos do Brasil, facilmente distinguível pela fronte alaranjada, visto em áreas de cerrado, bordas de mata, campos sujos e até mesmo em proximidades de habitações. Nidificam em árvores ocas e em cupinzeiros.



fonte da foto:http://bbirds.net/blog/archives/802



nome científico: Pyrrhula devillei
nome popular: Tiriba-fogo
nome em inglês: Blaze-winged parakeet
tamanho médio: 25 cm
Esta espécie esta bastante interligada e situada a florestas e matas ciliares. Mais comum no Pantanal Sul e seus arredores, facilmente identificado pela porção escurecida acinzentada das penas do peito e do pescoço, assim como a presença de uma mancha vermelha no encontro da asa e no ventre.


fonte da foto:https://www.flickr.com/photos /cdtimm/ 8670433368/


nome científico: Myiopsitta monachus
nome popular: Caturrita
nome em inglês: Monk parakeet
tamanho médio: 30 cm
Esta espécie de periquito é facilmente identificado devido a coloração da fronte acinzentada e com coloração do peito branco-acinzentado. Constrói ninhos coletivos produzidos por diversos gravetos, de vez em quando associados inclusive aos ninhos de tuiuiús.




fonte da foto: http://www.isla92.com.ar/2009/08/fotos-prestadas-aves-que-nos.html


nome científico: Brotogeris chiriri
nome popular: Periquito-de-encontro-amarelo
nome em inglês: Yellow-chevroned parakeet
tamanho médio: 25 cm
Este pequeno periquito é identificado pelas cores amareladas no encontro das asas desta ave e as cores azuladas na ponta das asas. Pode ser encontrado aos bandos em áreas de bordas de mata, de cerradão e de campos sujos.




fonte da foto : http://girlbirder.com/2014/02/02/everglades-birding-festival/


nome científico: Amazona amazonica
nome popular: Curica
nome em inglês: Orange winged parrot
tamanho médio: 30 cm
Embora bem próximo fisicamente do papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva), este Psittacidae é um pouco menor e possui encontro amarelo e penas da cauda alaranjadas. Vive em ambientes abertos, podendo ser encontrados em casais ou grandes bandos.





fonte da foto: http://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/2013/04/confira-dicas-do-g1-para-observar-passaros-em-manaus-e-arredores.html


nome científico: Amazona aestiva
nome popular: Papagaio-verdadeiro
nome em inglês: Blue-fronted parrot
tamanho médio: 35 cm
Espécie bastante semelhante ao anterior, no entanto apresenta a tonalidade vermelha no encontro das asas, nas penas inferiores da cauda que ficam bem visíveis durante o voo. Outra característica diferenciante é a coloração mais puxada para um verde azulado no fronte.



fonte da foto:https://www.flickr.com/photos/22551294@N08/sets/72157606960143821/page4/

Família Rheidae:
nome científico: Rhea americana
nome popular: Ema
nome em inglês: Greater Rhea
tamanho médio: 1,70 m
É a maior ave do Brasil. Os machos são normalmente um pouco mais altos que as fêmeas e apresentam o pescoço preto. São facilmente observados em meio aos cerrados e campos da região Centro Oeste brasileira. São aves incapazes de voar e muito pouco derivadas evolutivamente.


fonte da foto: https://www.flickr.com/photos/cdtimm/6697666775/

Família Anhimidae:

nome científico: Chauna torquata
nome popular: Tachã
nome em inglês:Southern screamer
tamanho médio: 80 cm
Plumagem acinzentada, pernas claras de um tom alaranjado e um contrastante anel negro no pescoço. Muito comum no pantanal e podem ser vistos aos casais emitindo vocalizações em beiras dos corpos d'água e até mesmo em copas de árvores isoladas. São aves de uma família que já possuiu muitos representantes. Outra característica marcante é a máscara vermelha no rosto.



fonte da foto:http://www.ridingbrazil.com/pantanal-farm-stays.html


Família Anatidae:



nome científico: Dendrocygna bicolor
nome popular: Marreca-caneleira
nome em inglês: Fulvous whistling-duck
tamanho médio: 50 cm
Não é muito registrado no Pantanal, diferencia-se de outras espécies pela coloração cinza do bico e das patas, juntamente com o tom castanho-acanelado do peito e um branco bastante visível na cauda. Se alimenta de plantas aquáticas em corpos d'água com caráter lêntico. São aves extremamente adaptadas ao ambiente aquático, apresentam membranas interdigitais e suas penas são constantemente lubrificadas por um óleo produzido na glândula uropigiana (próximo a cauda).





fonte da foto: https://ferrebeekeeper.wordpress.com/2012/07/18/fulvous/


nome científico: Dendroocygna viduata
nome popular: Irerê
nome em inglês: White-faced whistling-duck
tamanho médio: 45 cm
Vive em grandes bandos nos arredores de lagoas, corixos, e corpos d´água lênticos. São identificados com certa facilidade por conta do rosto branco, a mancha castanho/avermelhada no pescoço, a região de trás da cabeça preta, as patas e o bico cinzas e a região do flanco ser barrada em preto e branco. São identificadas inclusive durante as noites, quando emitem sons onomatopeicos ("Ire-ire-ire").




fonte da foto:http://www.icesi.edu.co/wiki_aves_colombia/tiki-index.php?page=Introduccion


nome científico: Dendrocygna autumnalis
nome popular: Asa-branca
nome em inglês: Black-bellied whistling-duck




quinta-feira, 26 de março de 2015

Mamíferos em evidência (Cingulata e Pilosa)

Ao longo da caminhada do segundo dia de campo, nos deparamos pela primeira vez com um ser-vivo muito emblemático da região Pantaneira, ficamos frente a frente com um indivíduo da espécie Tamandua tetradactyla, o famoso Tamanduá mirim. O simpático bichinho compõe a família Myrmecophagidae que está inserida na Ordem Pilosa. Possui características anatômicas peculiares da família Myrmecophagidae como a fusão dos ossos da maxila e da mandíbula, formando um tubo. A boca dos Myrmecophagidae foi especializada para captura de formigas fazendo uso de uma língua comprida e pegajosa. Este animal possui garras compridas e curvas com funções para facilitar a invasão e o ataque que este animal exerce sobre formigueiros e colônias de cupins, também já foram registrados ataque destes animais à colmeias de abelhas. É um animal terrestre que habita campos semi-abertos, matas de borda ou matas densas ao longo do bioma de cerrado. Tem porte pequeno de aproximadamente 1,20 m de ponta a ponta. As patas dianteiras apresentam uma das características que dão ao Tamandua tetradactyla seu nome do epíteto específico, a presença de 4 dedos, no entanto a quantidade de dedos das patas posteriores é diferente das anteriores, tendo nelas 5 dedos. O Tamandua tetradactyla não possui dentes, tem pelos com coloração que vai do bege ao castanho e uma espécie de "jaqueta" preta que vai da região dorsal até a região próxima às escápulas e o início dos braços. É um animal que apresenta adaptações arborícolas como uma cauda semi-preênsil que o permite explorar as árvores, tem hábitos noturnos e solitário. É um animal que apresenta placenta, portanto não se trata de um marsupial.
   foto 1: Tamandua tetradactyla forrageando numa área de campo limpo, onde há predominância de gramíneas e poucos arbustos, paisagem relativamente comum ao longo do Cerrado brasileiro.
fonte:http://mammalwatching.com/Neotropical/neotropicbrazil2013tripreport.html

foto 2:Tamandua tetradactyla usando a cauda semi-preênsil para se pendurar em uma árvore dentro de uma paisagem de mata mais densa presente no Bioma, talvez um Cerradão ou até mesmo matas Semidecíduas.
fonte:https://www.tumblr.com/search/tamandua%20anteater

Outro animal muito que pertence a mesma família que o Tamanduá-mirim e consequentemente também é um indivíduo da Ordem Pilosa é o Tamanduá bandeira, um animal com um porte muito maior e que não explorou o nicho arborícola como fez os demais membros da família Myrmecophagidae. Devido ao seu tamanho, que pode atingir 1,80 m até 2,10 m de comprimento, o Myrmecophaga tridactyla possui a mesma conformação craniana extremamente especializada como o T. tetradactyla, com o fusionamento dos ossos, a perda dos dentes, o prolongamento e desenvolvimento de uma mucosa pegajosa na língua. Os Myrmecophaga tridactyla são animais que possuem temperamento um pouco mais tranquilo e dócil quando comparado aos Tamanduás-mirim, os Tamanduás bandeira são exímios nadadores, podendo percorrer grandes distâncias, são animais que possuem pelagem com padrão característico por conta de camuflagem e possuem o costume de se abrigar em matas mais fechadas quando os dias são mais quentes. Apesar de não ser a especialidade do M. tridactyla, estes animais conseguem escalar árvores quando necessário. O número de dedos na pata anterior é uma das características que definiram seu epíteto específico, pois há apenas 3 dedos nas patas anteriores com poderosas garras acopladas. É um animal que me deixou muito impressionado por conta do tamanho e da pelagem, muito mais bonito e imponente vê-lo pessoalmente em seu habitat natural.


foto: Myrmecophaga tridactyla adulto dentro de uma área de pastagem, ao que me parece ser no plano de fundo alguns indivíduos de Brachiaria sp.
fonte:http://www.fazendasanfrancisco.tur.br/noticias/pousada-no-pantanal-sul-ms-brasil-noite-dos-tamanduas-bandeira/996/

foto: Myrmecophaga tridactyla adulto se deslocando através dos campos abertos do Cerrado, note que é um campo com certeza antropomorfizado devido à altura das gramíneas e a homogeneidade da vegetação.
fonte:http://geisertrivelato.webs.com/apps/photos/photo?photoid=129161481


Outro grupo de mamíferos placentários que nos fez abrir alguns sorrisos e de uma certa maneira nos fez ter dificuldades na identificação foram os Tatus. A família dos tatus é denominada Dasypodidae e os seus representantes estão inseridos dentro da Ordem Cingulata. A primeira espécie que foi vista e que irei pincelar algumas informações é a Euphractus sexcinctus, ou o famoso Tatu peba. Das três espécies que irei apresentar neste post, o peba é o menor, possui carapaça com tom castanho, sua carapaça apresenta de 6 a 8 cintas articuladas, a cabeça é cônica e achatada, assim como a carapaça não é muito verticalizada como nas outras espécies. Atinge cerca de 70 cm de comprimento na fase adulta, sua carapaça apresenta uma quantidade relevante de pelos dispostos de maneira esparsa. Possuem a alimentação baseada principalmente na ingestão de invertebrados, apresentando de certa maneira uma Homodontia de dentes pequenos e pontiagudos. São animais que apresentam hábitos solitários.

foto: Indivíduo da espécie Euphractus sexcinctus correndo pelos campos de gramíneas, note que o nome "sexcinctus" está associado ao número de cintas articuláveis da carapaça do tatu peba, no caso 6.
fonte:http://www.flickriver.com/photos/andrepessoa/popular-interesting/

A seguinte espécie também alimenta-se predominantemente de artrópodes e invertebrados em geral, no entanto apresenta características morfológicas distintas do tatu peba, como por exemplo a ausência de pelos na carapaça, a convexidade da carapaça, o número de cintas articuláveis aumenta para 9 e as orelhas, cauda e cabeça são maiores. Além disso, a espécie Dasypus novemcinctus (tatu galinha) possui uma carapaça muito mais alta que o Euphractus sexcinctus. A espécie do tatu galinha é de porte maior que a população de pebas, podendo atingir 90 cm um adulto.

foto: Espécime de Dasypus novemcinctus forrageando ao longo da época de seca no bioma de Cerrado bastante presente marcante na região Centro Oeste brasileira, normalmente essa época emerge com advento de queimadas que auxiliam no desenvolvimento das plantas do bioma.
fonte:http://pantanalportal.de/saeugetiere-pantanal/tatu-galinha-neunbindenguerteltier/

A última espécie de tatu não foi vista por nós do grupo Rynchotus, no entanto acho justo mencioná-lo, pois é dentre essas 3 espécies que ocorrem no Pantanal a maior e a mais rara de ser encontrada, o nosso Professor Doutor Harold Gordon Fowler avistou um desses indivíduos durante uma de nossas paradas ao longo das trilhas. A espécie que estava na minha lista particular de desejos é a do tatu canastra, cientificamente nomeado como Priodontes maximus. Este animal pode atingir incríveis 1,50 m e possui nas suas patas anteriores poderosas garras feitas para aperfeiçoar a escavação, está duramente ameaçado e é dificilmente encontrado por conta da baixa densidade populacional e do hábito de viver de maneira fossória. Este animal é o maior tatu atual, possui poucos pelos na parte dorsal da sua carapaça e há projetos ao redor do mundo preocupados na preservação destes indivíduos. A carapça é praticamente toda composta por inúmeras cintas articuláveis e este grande e magnífico animal não possui uma dentição diferenciada devido ao hábito estritamente insetívoro. A espécie também tem uma mobilidade maior durante as noites e conseguem cavar tocas enormes e profundas em uma velocidade de cair o queixo, apenas durante uma noite, um Priodontes maximus consegue abrir de 6 a 8 tocas com pelo menos 80 cm de profundidade e de 35 cm de diâmetro. São animais de fácil identificação por conta do porte, de presença de escamas pentagonais ao longo das patas, por uma distinta faixa de tom mais claro no entorno da carapaça.



 foto: Indivíduo de Priodontes maximus, note o tamanho da terceira garra atingindo aproximadamente 20 cm.
fonte:http://giantarmadillo.org.br/pt-br/o-tatu-canastra-2/

Mamíferos em evidência (Cervídeos)

Durante este campo efetuado no Pantanal, o que acabou chamando bastante a atenção dos nossos monitores e do nosso professor foi a presença quase que constante e a variedade de mamíferos com os quais cruzamos no meio das nossas caminhadas ao longo dos Transectos a pé. Foi de espanto geral a quantidade de indivíduos da família Cervidae que avistamos, os Cervidae é uma das famílias presentes na Ordem dos Artiodactyla, que são os animais que possuem cascos derivados de duas falanges ou de quatro falanges. São animais bastante impressionantes e belos, foi visto 3 espécies que costumam ocorrer no Pantanal: Blastocerus dichotomus (Cervo-do-pantanal) o maior Cervidae da América do Sul, pode atingir altura de 1,40 m e pesar 180 kg, possuem coloração chamativa que vai de um marrom mais avermelhado ou alaranjado e as patas são de tom preto, normalmente os machos são avistados solitários ou acompanhados por fêmeas no cio ou prenhas, os machos possuem chifres que podem chegar aos 60 cm de ponta à ponta. São animais que se adaptaram a viver em ambiente inundável de fato, apresentando uma membrana interdigital como uma das adaptações para o movimento na água, alimentando-se inclusive de plantas aquáticas basais como Nymphaea sp. Não há uma competição com o gado introduzido no Pantanal por alimento, pois enquanto o gado pasta gramíneas, enquanto este animal se alimenta de plantas como Fabaceae dos gêneros Aeschynomene sp. e da espécie Discolobium pulchellum. O que ocorre de problemas entre o gado e os Cervos-do-Pantanal é o fato do pisoteio do gado sobre estas plantas.

                                         Indivíduo macho adulto  
                                         fonte:https://www.pinterest.com/pin/401031541791813040/                                

                                          Fêmea adulta com filhote à esquerda.
                                          fonte:http://deuciarruda.zip.net/arch2011-07-24_2011-07-30.html


Outro indivíduo que apareceu algumas vezes e se assemelha bastante ao Blastocerus dichotomus causando algumas dificuldades na identificação, pois quando estamos no campo não sabemos ao certo o estágio de desenvolvimento do animal (se é jovem ou adulto) foi o Cervidae da espécie Mazama gouazoubira. No entanto algumas características físicas e comportamentais nos auxiliam na distinção destas duas espécies, os M. gouazoubira são animais de porte menor, com coloração marrom-acinzentada, seus chifres durante a fase adulta não ultrapassam os 12 cm e são simples e retas, possuem hábitos solitários e habitam mais regiões de campos e matas mais densas.
Quando filhotes, a tonalidade da pelagem do Veado-catingueiro é marrom-acinzentado com pintas brancas. Se alimentas de gramíneas, mas possuem um cardápio até que variado, sendo inclusive frugívoros e se alimentando também de leguminosas (família Fabaceae).

                                         Veado Catingueiro macho adulto
                                         fonte:http://www.ecoregistros.org/site/imagen.php?id=7126

                                        Filhote de Veado Catingueiro
                                        fonte:http://www.caliandradocerrado.com.br/2012/03/veado-catingueiro.html

A última espécie de Cervidae que nos chamou a atenção foi o Ozotoceros bezoarticus (Veado Campeiro) que ocorre em áreas mais abertas e campestres, possui chifres com três pontas de tamanho aproximadamente 30 cm, possuem região ventral branca, alimentam-se de gramíneas e não tendem a se aproximar de galerias, são animais de porte aproximadamente equivalente ao dos Blastocerus dichotomus com seus 1,20 m e 1,40 m de altura.

                                          Indivíduo adulto de Ozotoceros bezoarticus macho.

Corixos e Salinas

Interligando baías durante as épocas de cheias e baías em rios, os corixos são formados durante as épocas de seca, pois é quando há o isolamento destas baías por determinado período de tempo, sendo crucial para o desenvolvimento inicial da ictiofauna local, funcionando principalmente como berçário para as fases larvais dos peixes. Ao retorno das cheias, temos a reconexão entre as baías com rios ou entre baías diferentes, havendo uma migração populacional e todo um dinamismo e um ciclo desenvolvimentista concluído por parte dos alevinos, quando eles deixam a área de berçário e passam a explorar os meandros volumosos do Pantanal na época de chuva.
Quando esses corixos passam por um processo de isolamento por tempo demasiado, podemos vir a ter um aumento progressivo da evaporação da água e consequentemente uma diminuição da solubilidade dos solutos nesse corpo d'água. Dependendo da quantidade de sódio presente no substrato onde se localiza o corixo isolado e com perda excessiva de água, podemos acompanhar o desenvolvimento do Corixo em uma salina.

foto:Alguns corixos conectados a um rio meandrante durante os períodos de cheia.
fonte:http://pompei-hotels.com/pantanal-brazil-travel-places/aerial-view-of-floodlands-in-pantanal/#.VRPWV_nF88s

Formação geológica do Pantanal

Teorias apontam que a formação do espaço geográfico do Pantanal e sua baixa elevação em relação ao mar é proveniente de um evento geológico devido ao tectonismo de placas, o que os geógrafos e os geólogos inferem e defendem como a ideia de Compensação Isostática, que consiste na dedução de que a Terra constantemente demonstra formas de equilíbrio isostático, que seria uma compensação de pressões. No caso dos Andes, podemos fazer uma conexão com o seu soerguimento no processo de choque convergente entre a placa de Nazca (onde temos boa porção do Pacífico Sul) com a placa Sul-Americana (que compreende o continente Sul-Americano e parte do Atlântico Sul) como um aumento de pressão na costa Oeste do continente Sul-Americano e consequentemente, de maneira compensativa, temos uma diminuição das pressões geológicas nas proximidades do Andes, no caso, o Pantanal, formando assim as depressões planas que fazem parte do complexo Pantanal. Esse choque produzindo um enrugamento da crosta, assim a altitude da planície pantaneira não é elevada.

A Planície da Amazônia sofreu o mesmo processo que a Planície Pantaneira
fonte da foto:http://espaconaturaltocolando.blogspot.com.br/2010/04/estrutura-da-terra.html

O Pantanal é uma bacia sedimentar formada por estratificações bem definidas e com uma grande deposição de sílica nas regiões de topo dos estratos (mais recentes, provenientes do Quaternário). A deposição é efetuada por rios meandrantes, que são rios com caminhos tortuosos e com presença de grandes leques aluviais (áreas de material detrítico ou sedimentos que se acumulam abaixo do canal de escoamento) formados por rios. Há uma peculiaridade especial no Complexo do Pantanal, podemos observar com facilidade resquícios bem preservados de feições geomórficas herdados de climas bem distintos que produziram herança geomórficas diferentes, devido as circunstâncias geofísicas durante o Pleistoceno e o Holoceno (eventos como glaciações, por exemplo). A paisagem vem mudando desde o término do Pleistoceno e com o advento do Holoceno, caracterizado por um aumento na taxa de umidade e de calor no ambiente. O aparecimento de fato das áreas inundáveis do Pantanal se situa entre as duas épocas (Pleistoceno e Holoceno).


Foto à esquerda representa a temperatura média da Terra ao longo do Pleistoceno, enquanto a foto da direita representa a temperatura média da Terra durante o Holoceno.
 fonte da primeira foto:http://pt.wikipedia.org/wiki/Pleistoceno
 fonte da segunda foto:http://www2.uol.com.br/sciam/noticias/temperaturas_globais_serao_as_mais_altas_dos_ultimos_onze_mil_anos.html

Devido à baixa diferença de altitude ao longo do relevo pantaneiro, presencia-se uma dificuldade de escoamento da água, ficando acumulada por longo período, aproximadamente do mês de Janeiro até o mês de Junho. As regiões do Pantanal não inundam ao mesmo tempo, cada região possui sua sazonalidade própria, mas todas se concentram durante as estações Verão ao Outono. A deposição elevada e constante de sedimentos é responsável por mudanças drásticas no ambiente do Pantanal. A principal depressão plana presente no Pantanal é a depressão produzida pelo Rio Paraguai, depressão está rodeada por planaltos importantes como a Serra de Taquari-Itiquira e a Serra de Maracajú-Campo Grande a Leste, a Serra da Bodoquena e o Maciço do Urucum ao Sul e as chapadas dos Guimarães e Parecis ao Norte.

Área inundada do Pantanal Sul Matogrossense (próximo à cidade de Campo Grande). Podemos observar nesta foto algumas espécies interessantes da avifauna pantaneira, como os Platalea ajaja (coloração rosada), Mycteria americana (brancos com ponta da asa preta e bicos escuros e curvos), Ardea alba (inteiras brancas e com bico amarelado, a famosa garça-branca-grande) e um indivíduo de Jabiru mycteria (o inconfundível Tuiuiú, símbolo do pantanal, com seu papo preto e vermelho, cabeça preta e de tamanho impressionante).

fonte da foto:http://www.bookersinternational.com/our-websites/pantanalbookers/

Também vemos no Pantanal alguns morros testemunhos, que nada mais são que resquícios de formações planálticas que não foram intemperizadas devido a presença de algum mineral mais resitente que os arenitos que são parte da composição destas formações, por exemplo, próximo a Serra do Maracajú nos deparamos com diversos morros testemunhos que não foram erodidos por conta de uma importante camada basáltica presente na sua composição.

 

    Foto: Morro testemunho próximo à Serra de Maracajú


quarta-feira, 18 de março de 2015

Resultado da Tempestade do último dia de Transecto a pé e penúltimo dia de Campo

Foto: Alguns sobreviventes da tempestade de 3 horas que assolou algumas árvores no meio da estrada de terra. (esse dia foi loko)

Herpetofauna encontrada

Não foram muitas espécies dentro das classes de Amphibia e Reptilia, mas como apaixonado pela classe Reptilia irei colocar fotos e informações das três espécies que nos deparamos durante os transectos a pé que fizemos nos trajetos do Rio Negro e Passo do lontra. Os dois primeiros indivíduos são da Ordem Squamata e Sub-Ordem Lacertilia. Os Lacertilia são um grupo bastante variado morfologicamente e com muitas famílias representando essa Sub-Ordem de répteis (o mais diverso dentre os répteis atuais). Existe uma grande exploração de nichos diversos por esses répteis, e as duas primeiras espécies são de certa forma competidoras e exercem o mesmo papel ecológico no ambiente, além disso, são espécies da mesma família. Os Salvator merianae (Teiú) e os Ameiva ameiva (Calango-verde) são duas espécies da família Teiidae e são normalmente confundidos durante a identificação por pessoas novas na área devido à semelhanças físicas e à pigmentação dos S. merianae, que durante a fase juvenil apresentam tonalidades de verde assim como os Calangos. Os Teiús atingem tamanhos maiores que os Ameiva ameiva e são mais generalistas com relação a dieta, podendo ter grande potencial como dispersor de sementes e inclusive sendo capaz de alimentar-se de fungos. O Calango-verde também é uma espécie generalista e onívora, mas devido ao porte menor, consome alimentos menores e dispersa uma variedade de sementes menor do que os indivíduos de Salvator merianae. Ambas espécies possuem hábitos diurnos e terrícolas, língua bifurcada e presença do órgão de Jacobson para receber partículas odoríferas trazidos pela língua bifurcada que é constantemente enviada em direção ao ambiente e retraída até o órgão para concretizar a captação.
Foto 1: Ameiva ameiva Fonte:http://tierdoku.com/index.php?title=Bild:Ameiva-ameiva-male-1254.jpg
Foto 2: Ameiva ameiva Fonte:http://bonitomatogrossodosul.blogspot.com.br/2012_04_01_archive.html
Foto 3: Salvator merianae filhote Fonte:https://www.flickr.com/photos/newsantos/5368586329/
Foto 4: Salvator merianae adulto fonte:https://www.inaturalist.org/observations/254667 A terceira espécie e a mais vista dentro da Classe Reptilia foi o Caiman yacare (Jacaré-do-pantanal) que é bastante avistado em corpos d'água medianos até grandes rios e corixos, essa espécie já sofreu bastante exploração ao longo do processo de antropomorfização do ecossistema pantaneiro, mas com um aumento do rigor nas leis de conservação sobre a Ordem dos Crocodylia e com a moratória da caça destes animais, os Jacarés-do-pantanal conseguiram um reestabelecimento de sua população. Foi bastante observado ao longo do trecho do Passo do Lontra, na Curva do Leque. Nas primeiras horas de caminhada tivemos a tremenda sorte de inclusive ouvir a vocalização reprodutiva destes imponentes répteis, onde os machos emitem sons com baixa frequência e agitam a água como forma de mostrar a virilidade tanto às fêmeas quanto aos machos competidores, normalmente nessa época há frequentes duelos entre machos. As fêmeas constroem ninhos em folhagens que se apresentam em processo de decomposição, fornecendo um controle térmico devido ao metabolismo enzimático dos microorganismos, temperatura essa que é crucial aos animais ectotérmicos. Há uma característica muito peculiar dentro do aspecto reprodutivo desses animais fantásticos, existe um cuidado parental, onde a fêmea protege os ovos ao leito dos corpos d'água e quando estes eclodem, os filhotes emitem sons para atrair a atenção e a proteção dos pais. Os pais carregam os filhotes dentro da própria boca para dentro da água, onde são soltos e observados sempre de perto pelos seus progenitores. Os Crocodylia já foram um grupo bastante abundante e tiveram seu auge durante o Cretáceo (70 m.a.-140m.a.). Os Caiman yacare são da família dos Alligatoridae, e possuem como principal característica para distinguir-se da família dos Crocodylidae o focinho mais largo e arredondado na extremidade anterior e a não exposição dos dentes inferiores na parte externa da mandíbula. São animais carnívoros e estão associados aos ambientes aquáticos e seus arredores. Possuem adaptações evolutivas interessantes para tomarem o domínio aquático, como a presença de uma membrana, chamada membrana nictante, que possui função de proteger sem prejudicar a visão destes animais enquanto mergulham, pois é translúcida. Quando os C. yacare saem do ambiente submerso essa membrana se retrai, expondo os olhos do animal novamente. Além dessa membrana que remete ao óculos de natação, os Crocodylia apresentam uma dobra de tecido que funciona como uma válvula para evitar a passagem demasiada de água durante a ingestão ou a mastigação de algum alimento dentro da água, funciona quase que como um velcro que não permite com que esses animais se engasguem ou morram afogados. São animais muito interessantes, uma das minhas Ordens favoritas desde criança e foi um prazer enorme vê-los de perto no nosso Pantanal Sul-Matogrossense e sei que não fui o único que se descabelou de emoção ao vê-los pela primeira vez em seu ambiente natural.
Foto 5: Caiman yacare mostrando suas duas adaptações para o hábito natante (a membrana nictante e a dobra do tecido no fundo da boca que serve de velcro pra passagem de água). Fonte: http://www.marcelokrause.com/Portfolio/Pantanal/1/
Foto 6: Fêmea da espécie Caiman yacare apresentando complexo comportamento parental cuidando da prole. fonte:http://viajeaqui.abril.com.br/national-geographic/blog/curiosidade-animal/a-melhor-mae-do-mundo-animal-especial-para-o-dia-das-maes/
Foto 7: Ninho de jacaré fonte: https://zooterra.wordpress.com/